Rebundling: futuro das fintechs à vista

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Por muito tempo, as fintechs foram vistas como empresas que simplesmente dividiram e fatiaram os serviços financeiros até então fornecidos pelas instituições bancárias tradicionais. Mas hoje algumas delas estão se transformando ao começarem a fornecer um portfólio mais amplo de serviços, algumas até mesmo se tornando verdadeiros bancos digitais. 

Esses conceitos têm nome: unbundling e rebundling – e é sobre este novo comportamento das startups que falaremos neste post. Continue a leitura! 

O contexto do fenômeno das fintechs

As fintechs começaram, inicialmente, por desenvolver as suas atividades atuando dentro de nichos bastante específicos. Esse movimento teve um efeito disruptivo na indústria financeira tradicional que ficou conhecido como unbundling (serviços financeiros fragmentados).

Novos players introduziram, então, negócios interessantes em torno de produtos já conhecidos: por exemplo a Nubank com seu cartão de crédito roxo, o PicPay como um aplicativo de pagamentos ou o Creditas com seus empréstimos com taxas abaixo do mercado. 

O unbundling introduziu uma ruptura com o modelo de ofertas que eram feitas anteriormente, de forma totalmente verticalizada, dentro dos bancos, por meio de um modelo também conhecido como bundling (serviços financeiros agrupados). 

As fintechs pioneiras não estavam interessadas ​​em fornecer o pacote completo de serviços bancários. Elas queriam trabalhar com ofertas específicas, cumprindo suas funções melhor e de maneira mais econômica do que os bancos. 

A busca por serviços financeiros mais práticos e descomplicados, como também a utilização de tecnologias disruptivas, desafiou as instituições financeiras tradicionais. Mas agora o cenário mudou e as fintechs querem diversificar, juntando diversas ofertas em um único portfólio – o chamado rebundling

Por que essa mudança está acontecendo?

Nos primeiros dias das fintechs, essas empresas separaram os serviços bancário e, em vez de oferecerem uma gama de soluções diferentes, focaram um único serviço.

Isso contrasta fortemente com os bancos tradicionais, que oferecem uma abordagem de supermercado, permitindo que os consumidores acessem todas as suas soluções em um único local. No entanto, muitas fintechs agora procuram capitalizar sobre a falta de adoção digital por bancos tradicionais ao fornecerem uma plataforma mais completa.

Ter muitas contas e aplicativos pode ser irritante e levanta o argumento que questiona se os consumidores vão querer continuar usando diversos aplicativos separados para pagamentos e contas correntes. É muito mais conveniente fornecer um único local onde possam acessar todos os seus serviços.

Ao longo dos últimos anos, as fintechs foram, progressivamente, ocupando um espaço cada vez mais significativo no mercado financeiro, tornando-se, em alguns casos, empresas com elevado número de clientes, com seu valor de mercado crescendo exponencialmente. 

Nesse processo, as fintechs começaram, então, a disponibilizar novos serviços em outros segmentos que até então eram quase exclusivamente dominados pelos bancos. É assim que chegamos ao momento atual, conhecido como rebundling.

Esse movimento quer potencializar a aderência dos consumidores às novas plataformas desenvolvidas ao longo dos últimos anos e representa um passo na consolidação deste segmento do mercado financeiro. É mais uma ameaça ao setor bancário tradicional que terá de se reconfigurar para pode continuar a competir no novo ecossistema financeiro. 

Junto com a reorganização das fintechs, as instituições financeiras tradicionais continuarão seus esforços para digitalizar seus serviços e torná-los compatíveis com dispositivos móveis. Um dos principais aspectos para acompanhar o mercado é tentar atrair os consumidores mais jovens, mais experientes em tecnologia e dependentes dela.

E como o rebundling vai ajudar as fintechs a serem bem-sucedidas no futuro?

Motivo 1: Aumento na receita 

Ao oferecer mais serviços, as fintechs podem diversificar seus fluxos de receita e construir um modelo de negócios mais sustentável. Essas empresas são conhecidas por não operarem com lucro, geralmente porque têm um modelo de negócios gratuito ou de baixo custo. 

No entanto, ao acrescentarem serviços pelos quais podem cobrar taxas mais altas, as startups têm a chance de mudar este cenário. Exemplos de tais serviços incluem apólices de seguro, serviços de transferência internacional e empréstimos. As fintechs também estão descobrindo que se tornar um balcão único para os clientes significa muito mais dados e receita de um único cliente.

Motivo 2: Crescimento da satisfação do cliente e da fidelidade 

Além de se tornarem mais sustentáveis, as startups também estão se tornando uma opção melhor e mais robusta para o cliente. Conforme as fintechs adicionam mais produtos e serviços, os consumidores podem lidar com todas as suas questões financeiras em só uma plataforma, em vez de ter que baixar aplicativos de vários fornecedores. Isso pode aumentar o envolvimento e a satisfação do usuário, ajudando a atrair novos consumidores e reter os atuais.

Rebundling no mundo e sua chegada ao Brasil

A Robinhood é uma fintech lançada como uma corretora de valores sem comissão nos Estados Unidos. Ela expandiu-se recentemente para o Reino Unido, onde agora oferece serviços bancários mais tradicionais, como gerenciamento de valores. A fintech ajuda os usuários a ganharem com juros sobre os valores guardados em suas contas ou permitindo gastá-lo por meio de um cartão de débito com a marca.

Existem muitos outros exemplos, como o LendingClub, nos Estados Unidos, e o Zopa, no Reino Unido, que há muito têm a ambição de se tornarem bancos completos como os tradicionais.

Não faz muito tempo que o Nubank enviou uma pesquisa para os seus clientes sondando o interesse na contratação de seguros de automóvel. A fintech ofereceu dois modelos: valor fixo mensal e outro com uma parte fixa e outra variável pelo quilômetro rodado. 

Por mais que a empresa diga que são apenas perguntas, em 2018 ela já havia feito um movimento do tipo quanto ao interesse em cartão de débito e saque da conta corrente – o que virou realidade depois. E o que começou com apenas um cartão de crédito hoje também conta com empréstimos, programa de fidelidade e conta corrente.

A Juno também segue um caminho parecido. A empresa, que começou emitindo boletos e fazendo a gestão de marketplaces, hoje possibilita a realização de pagamentos e oferece uma conta corrente.

A competição é saudável principalmente para o consumidor, que tem muito mais liberdade de escolha. E, com o início do open banking, as possibilidades serão muito maiores!

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